Nos tempos de jogador do São Paulo e Atlético-MG, Zé Luis gostava de
desarmar os adversários como manda um bom primeiro volante. Aposentado
dos gramados há cerca de um ano, ele agora pega ainda mais pesado com
seus oponentes. Zé se apaixonou pelos tatames e se dedica ao jiu-jitsu.
Ex-atleta não é uma denominação que se encaixa bem para Zé Luis,
campeão brasileiro em 2007 e 2008 pelo São Paulo. Aos 35 anos
recém-completados, sua rotina de treinos é intensa. Há um ano, ele
treina três vezes por semana cerca de 3 horas por dia.
Entre raspagens, trocas de guarda e finalizações bem sucedidas, já
trocou a faixa branca pela azul e traça o novo objetivo. “Estou querendo
pegar a roxa. Acho que em mais um ano eu consigo. Sou muito dedicado.
Estou muito feliz com a minha evolução”.
Zé Luis se aventurou no esporte a convite do amigo Rodrigo Lemos, que
é faixa preta de jiu-jitsu. “Meu amigo não acreditou que eu tinha tanta
disposição, achou que eu fosse largar no meio do caminho porque o
treino é muito duro. Em cinco minutos de luta, você não imagina que vai
cansar. Mas é muito diferente, você tem que estar muito bem. Depois
tomei gosto e também quero me manter bem para não engordar e também pela
saúde”.
O gosto pelas artes marciais vem desde pequeno. Aos dez anos, já
praticava karatê e judô, mas optou pelo futebol que dava mais futuro. A
escolha foi certeira, mas hoje em dia ele diz que poderia ter sido
diferente.
“Karatê e judô não davam futuro para ninguém, e não existia essa onda
de MMA na época. Hoje, se eu fosse solteiro e tivesse uns 13 anos ou 14
anos, acho que seria uma boa ideia. Se eu não estivesse velho, eu ia
para o UFC (risos). Eu adoro, acompanho tudo e não perco uma luta. Sou
fã do Anderson, do Jon Jones e do Cain Velasquez”.
Mas em casa a paixão pelo MMA tem que ser controlada. A rédea da
esposa Rosana é curta, e a preocupação com as filhas Valentina (nove
meses) e Maria Luiza, de onze anos, também frearam planos mais
audaciosos de Zé Luis.
“Minha família não me deixaria fazer MMA, com futebol minha esposa já
sofria muito. Minha mulher já ia para o campo e xingava todo mundo,
imagina fazendo luta. Ia piorar, não teria a menor chance. Minha mulher
já está brava, diz que eu estou inventando arte depois de velho”.
Os compromissos profissionais também impedem Zé Luis de se dedicar
integralmente ao jiu-jitsu. Hoje, ele administra uma construtora da
família que investe em casas de luxo em condomínios de Guarajuba, uma
praia badalada a cerca de 50 km de Salvador.
“É muito diferente do que eu fazia, mas é muito prazeroso e eu me
preparei para isso. Minha irmã engenheira me auxilia e é uma vida
diferente. Eu trabalho com relacionamento com os clientes, tenho a
responsabilidades dos pagamentos, vejo se tudo está ok, se está faltando
alguma coisa”.
Zé Luis sente saudades da época de jogador em que teve seu melhor
momento no São Paulo com os títulos do Campeonato Brasileiro de 2007 e
2008. Tem ainda boas recordações da passagem pelo Japão, e pelo
Atlético-MG. Mas um trauma no Vitória o abalou a ponto de pesar na
aposentadoria.
“A maior frustração que tive no futebol foi no Vitória. O time tava
lutando para subir e enfrentou o São Caetano, precisava ganhar para
subir. Estava ganhando até o fim do jogo, mas tomou um empate e outro
gol aos 48 minutos do segundo tempo que foi falha minha. Fiquei uns 20
dias sem sair de casa e sempre que tinha um jogo importante eu sentia
ansiedade. Ficava pensando ‘hoje eu não posso errar”. Isso às vezes fica
na minha cabeça até hoje”.
Zé Luis se aposentou no Paraná e foi convidado para continuar
trabalhando com futebol em um cargo diretivo no clube de Curitiba. Mas o
desejo de voltar a viver com a família na Bahia o fez não aceitar. “Foi
a melhor decisão. Sou muito grato ao futebol e devo tudo que tenho a
ele. Mas estou muito feliz hoje”.
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