Baiano de fala mansa, "Soldier Boy", um aspirante a Jean-Claude Van Damme, relembra início de carreira antes de estrear no torneio do Bellator
Foi
há 21 anos, em um fim de domingo na praia de Nordeste de Amaralina, em
Salvador, que o baiano de fala mansa e riso solto Cristiano Souza deu
início à sua carreira no MMA. O rapaz, à época, tinha apenas uma década
de vida e o esporte, ainda chamado de vale-tudo, engatinhava entre duras
críticas. Mas a roda de capoeira improvisada na areia presenciada por
ele o motivou a entrar no mundo das lutas: “Se estou aqui hoje, é graças
ao que vi ali: os caras rodando, dando salto, fazendo acrobacia. Eu me
apaixonei”, contou. “Soldier Boy”, como agora é chamado, está às
vésperas de estrear no 10º torneio dos meio-médios do Bellator, primeiro
passo rumo ao cinturão de uma das maiores organizações de artes
marciais mistas do mundo.
“Depois daquela tarde, fui direto
procurar uma academia para treinar. Mas escondido da minha mãe, porque
ela não autorizava, achava perigoso ou que eu iria me machucar”,
lembrou. Dona Nilde, a quem Cristiano trata como “guerreira” e “maior
inspiração”, ainda não digeriu por completo as escolhas do filho
“marmanjo”, agora de 31 anos. “Ave Maria. Quando a luta passa na
televisão, na hora em que a porrada está comendo solta, ela nem assiste,
morre de medo. Só vê o replay”, disse, bem-humorado.
Justiça
seja feita: não foram só os capoeiristas de Amaralina os incentivadores
de Souza, mas também a dupla Ana Maria, tia do atleta, e Jean-Claude
Van Damme, o artista belga. Ainda criança, o baiano era “amarradão” nos
filmes do grandalhão. “Ela alugava para a gente ver e eu pensava: ‘O
cara é flexível, bate em todo mundo...’. A partir daquele momento, com 6
ou 7 anos, eu já era lutador. Nasci para dar porrada, para subir no cage, então, ‘vamo simbora’”.
Não foi para “subir no cage”,
contudo, que Cristiano foi morar na Flórida, nos Estados Unidos, aos 18
anos. “Soldier Boy”, quando jovem, trabalhou na Fundação Ballet
Folclórico da Bahia, onde aprendeu a fazer shows de capoeira – e foi com
isso, além de aulas da arte brasileira, que o soteropolitano se
sustentou nos primeiros anos em terras estrangeiras. “Velho, os
americanos são todos duros para caramba”, confessou, gargalhando.
(Reprodução / Facebook)
Das
apresentações em bares e restaurantes até os ringues de MMA, se
passaram quase dez anos. Tempo suficiente para dar início às aulas de
jiu-jitsu, arte marcial em que, desde dezembro de 2013, é faixa-preta.
Em 2009, Souza finalmente realizou seu sonho: pelo AOF 5, estreou como
profissional. “Bicho, vou te falar a verdade: quando eu vi o tamanho da
minha ‘diversão’ no cage, eu só consegui pensar: ‘Rapaz, eu
deveria ter treinado mais...’”. Apesar do temor do baiano, Pedro Rubio, o
adversário, caiu nocauteado logo no primeiro assalto. Desde então, o
invicto Cristiano fez mais seis vítimas em seis lutas.
“Eu me
sinto à vontade quando começo a me movimentar, gosto de colocar os
golpes bem rápido. Quero sempre é acabar com a luta. Gosto da trocação,
mas se formos ao chão, tudo bem, porque eu amo jiu-jitsu. Capoeira e
jiu-jitsu são as minhas paixões”, finalizou o atleta, que disse se
inspirar em Anderson Silva, Wanderlei Silva e Vitor Belfort. “Tenho de
arrebentar para chegar no nível deles”.
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