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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

MULHERES NO TATAME. MESTRE ELLIS FRANCIS "ZANZA"





Nossa entrevistada também é o destaque do mês de novembro, mês de seu nascimento. Multi artista marcial, também tem projetos com crianças com deficiência intelectual que abrange nove tipos de patologia. Pro-ativa, guerreira, mulher.






EZ- Elis Francis, você foi escolhida como Mulher que representa as Artes Marciais na Bahia por ser Faixa Preta em três modalidades. Nos fale sobre essa paixão por artes marciais.
EF-Bom, entrei ao mundo do Esporte aos 8 anos com natação, GR (GINÁSTICA RÍTMICA) e dança, até que aos 10 anos entrei no judô, e percebi como amava aquele mundo, um mundo sem limites (pois defino as artes marciais assim, mundo ilimitado), que tem como objetivo um alto desenvolvimento de seus praticantes para que possam defender-se ou submeter o adversário mediante diversas técnicas.  Quando entro no tatame, no ringue, numa roda de capoeira sempre penso ... ‘Nossaaa!!!’, que mundo incrível! Um mundo que me deixa relaxada, que me disciplinou, que me faz enfrentar o mundo de frente com verdades. O tatame na minha vida tem uma extensão... ele se estende a tudo onde eu piso, dia a dia, trabalho, relacionamentos, tudo!  Sou casada com as artes marciais.

EZ- Você desenvolve alguns trabalhos de Artes Marciais nas Bases Comunitárias de Segurança em Salvador. Como iniciou esses projetos?
EF-Na verdade iniciei há algum tempo  na Rondesp de Simões Filho, dei aulas a vários policiais de defesa pessoal, quando o Comandante se deu conta de que os policiais precisariam de treinos semanais de defesa pessoal pra seu dia a dia, veio a proposta. Já dei aulas aos caveiras do  CHOQUE. Com o tempo fiquei sabendo que fui a primeira mulher a dar aula em um batalhão da PM. Com o tempo, o Coronel Francisco Issa me fez a proposta de lançar um dos meus projetos esportivos nas bases militares da Bahia, ao qual foi aprovado e aplaudido pelos comandantes das bases.

EZ- Não podemos deixar de citar o belo trabalho desenvolvido na Prefeitura Municipal de Madre de Deus, que serve de exemplo para qualquer Prefeitura do Brasil. Quando se deu o início desse Projeto e quais perspectivas para os anos vindouros?
EF-Bom, vou voltar a 2007, quando meu amigo e atual prefeito Jeferson Andrade me fez o convite de levar um projeto de artes marciais para Madre de Deus, eu havia acabado de chegar do Japão (onde havia morado em Yokohama pois 3 anos),  aceitei na hora, e colocamos o primeiro projeto de artes marciais em Madre de Deus chamado Projeto Vencer, pois demos início no ano de 2008 e neste mesmo ano fizemos o maior evento de submission da Bahia com  TV Bahia abrindo ao vivo, e houve uma expansão depois disso, pois lá antes só se valorizava futebol e o skate. Daí onde tudo começou...
Em 2013 Jeferson já prefeito de Madre de Deus, me fez outro pedido, que levasse a Madre de Deus um projeto esportivo pra as escolas. Daí surgiu a ideia do MAIS ESPORTES, esportes nas escolas, nos bairros, no Estádio, Ginásio, em tudo! Fica fácil expandir um projeto esportivo, quando se tem um gestor que acredita e investe, um prefeito novo, que sabe que em pleno século 21 a educação e o esporte tem que estar casados.  Hoje nossos alunos de Madre de Deus, ganham todo material de treinos e a seleção de cada modalidade ganha o bolsa esporte que vária entre R$ 500 até R$ 1000.
  A expectativa para os próximos 4 anos (pois o prefeito Jeferson foi eleito), é transformar Madre de Deus na cidade mais esportiva do Brasil. Na cidade onde se mais prática artes marciais no Brasil.  E está bem pertinho disso. (Risos)

EZ-Assim como nas Artes Marciais você tem uma boa formação acadêmica. Qual leitura você faz da importância do esporte para a sociedade?
EF-Qualidade de vida. E quando digo “QUALIDADE DE VIDA” estou falando de tudo, seja posicionamento social, qualidade mental, física, tudo.

EZ- As Artes Marciais, bem menos agora, mas por muitos anos foi um ambiente bastante dominado pelo público masculino. Houve alguma resistência no decorrer de sua história de treinamentos?
EF-“Nossaaaa!!” Tive uma certa resistência quando iniciei o jiu-jitsu.  Naquele tempo não tinha mulheres treinando, eram apenas homens, e eu ouvia muitos dizerem “Aqui não é lugar de mulher não”, e já tomei muita porrada para ver se eu desistia. Mas quanto mais ficava estreito os treinos, mas eu queria (Risos), serviu de incentivo as porradas que tomei pra que eu não voltasse mais. Mas eu contrariava e voltava. 
Acredite, até hoje há uma certa resistência, quando uma mulher vai dar aulas, ou entra em um tatame para fazer um rola com um homem.

EZ-Como você analisa o cenário baiano de Artes Marciais, comparados com outros polos aqui mesmo do Brasil?
EF-Poderíamos estar muito bem. O baiano é muito “raçudo”, guerreiro. Temos os melhores do mundo no MMA: Amanda Nunes, Minotauro, Minotouro, Cigano (que desenvolveu aqui na Bahia), Popó, Robson Conceição, Sensei Edson Carvalho, Bruno Carvalho e vários outros.  Tivemos uma conquista inédita que é o CENTRO PANAMERICANO DE JUDÔ, e nossa precisamos de um Centro de Treinamentos de Artes marciais na Bahia, tem que se colocar artes marciais nas escolas, (disciplina o aluno, eles passam a tirar notas boas, concentração), Cada bairro um CT (Centro de Treinamento) de artes marciais, com material esportivo. Levar para as classes menos favorecida o esporte, principalmente bairros com risco social.

EZ-Você está no seleto grupo de  mulheres  que ministram ou ministraram  aulas de Artes Marciais em Bases Militares, na Bahia e no Brasil. Qual a sua sensação?
EF-Sempre admirei mulheres que fizeram histórias em algo “masculinizado”.   Não existe sensação, existe uma admiração. Sempre quando consigo algo eu indago “Nossa, consegui, mais uma conquista! ”

EZ-Deixa uma mensagem para os leitores do Blog Estrangulamento Ezequiel.
 EF-Sempre digo a meus alunos que existem dois caminhos, mas só podemos escolher um.  Faça seu melhor caminho. Fiz o meu e hoje tenho orgulho do caminho que trilhei pra mim, e da mulher que me tornei. Tenho orgulho de olhar pra trás e ver quantas vidas pude transformar através das artes marciais. Estou no tatame, continuo meu caminho, vou até o fim da minha história sobre ele (o tatame).

“Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar!”

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