Nossa entrevistada também é o destaque do mês de novembro, mês de seu nascimento. Multi artista marcial, também tem projetos com crianças com deficiência intelectual que abrange nove tipos de patologia. Pro-ativa, guerreira, mulher.
EZ- Elis
Francis, você foi escolhida como Mulher que representa as Artes Marciais na
Bahia por ser Faixa Preta em três modalidades. Nos fale sobre essa paixão por
artes marciais.
EF-Bom, entrei ao mundo do
Esporte aos 8 anos com natação, GR (GINÁSTICA RÍTMICA) e dança, até que aos 10
anos entrei no judô, e percebi como amava aquele mundo, um mundo sem limites
(pois defino as artes marciais assim, mundo ilimitado), que tem como objetivo
um alto desenvolvimento de seus praticantes para que possam defender-se ou
submeter o adversário mediante diversas técnicas. Quando entro no tatame, no ringue, numa roda
de capoeira sempre penso ... ‘Nossaaa!!!’, que mundo incrível! Um mundo que me
deixa relaxada, que me disciplinou, que me faz enfrentar o mundo de frente com verdades.
O tatame na minha vida tem uma extensão... ele se estende a tudo onde eu piso,
dia a dia, trabalho, relacionamentos, tudo!
Sou casada com as artes marciais.
EZ- Você desenvolve alguns
trabalhos de Artes Marciais nas Bases Comunitárias de Segurança em Salvador.
Como iniciou esses projetos?
EF-Na verdade iniciei há algum
tempo na Rondesp de Simões Filho, dei
aulas a vários policiais de defesa pessoal, quando o Comandante se deu conta de
que os policiais precisariam de treinos semanais de defesa pessoal pra seu dia
a dia, veio a proposta. Já dei aulas aos caveiras do CHOQUE. Com o tempo fiquei sabendo que fui a
primeira mulher a dar aula em um batalhão da PM. Com o tempo, o Coronel
Francisco Issa me fez a proposta de lançar um dos meus projetos esportivos nas
bases militares da Bahia, ao qual foi aprovado e aplaudido pelos comandantes
das bases.
EZ- Não podemos deixar de
citar o belo trabalho desenvolvido na Prefeitura Municipal de Madre de Deus,
que serve de exemplo para qualquer Prefeitura do Brasil. Quando se deu o início
desse Projeto e quais perspectivas para os anos vindouros?
EF-Bom, vou
voltar a 2007, quando meu amigo e atual prefeito Jeferson Andrade me fez o
convite de levar um projeto de artes marciais para Madre de Deus, eu havia
acabado de chegar do Japão (onde havia morado em Yokohama pois 3 anos), aceitei na hora, e colocamos o primeiro
projeto de artes marciais em Madre de Deus chamado Projeto Vencer, pois demos início
no ano de 2008 e neste mesmo ano fizemos o maior evento de submission da Bahia
com TV Bahia abrindo ao vivo, e houve
uma expansão depois disso, pois lá antes só se valorizava futebol e o skate. Daí
onde tudo começou...
Em 2013
Jeferson já prefeito de Madre de Deus, me fez outro pedido, que levasse a Madre
de Deus um projeto esportivo pra as escolas. Daí surgiu a ideia do MAIS
ESPORTES, esportes nas escolas, nos bairros, no Estádio, Ginásio, em tudo! Fica
fácil expandir um projeto esportivo, quando se tem um gestor que acredita e
investe, um prefeito novo, que sabe que em pleno século 21 a educação e o
esporte tem que estar casados. Hoje
nossos alunos de Madre de Deus, ganham todo material de treinos e a seleção de
cada modalidade ganha o bolsa esporte que vária entre R$ 500 até R$ 1000.
A
expectativa para os próximos 4 anos (pois o prefeito Jeferson foi eleito), é
transformar Madre de Deus na cidade mais esportiva do Brasil. Na cidade onde se
mais prática artes marciais no Brasil. E
está bem pertinho disso. (Risos)
EZ-Assim como nas Artes
Marciais você tem uma boa formação acadêmica. Qual leitura você faz da
importância do esporte para a sociedade?
EF-Qualidade
de vida. E quando digo “QUALIDADE DE VIDA” estou falando de tudo, seja
posicionamento social, qualidade mental, física, tudo.
EZ- As Artes Marciais, bem
menos agora, mas por muitos anos foi um ambiente bastante dominado pelo público
masculino. Houve alguma resistência no decorrer de sua história de
treinamentos?
EF-“Nossaaaa!!”
Tive uma certa resistência quando iniciei o jiu-jitsu. Naquele tempo não tinha mulheres treinando,
eram apenas homens, e eu ouvia muitos dizerem “Aqui não é lugar de mulher não”,
e já tomei muita porrada para ver se eu desistia. Mas quanto mais ficava
estreito os treinos, mas eu queria (Risos), serviu de incentivo as porradas que
tomei pra que eu não voltasse mais. Mas eu contrariava e voltava.
Acredite, até
hoje há uma certa resistência, quando uma mulher vai dar aulas, ou entra em um
tatame para fazer um rola com um homem.
EZ-Como você
analisa o cenário baiano de Artes Marciais, comparados com outros polos aqui
mesmo do Brasil?
EF-Poderíamos
estar muito bem. O baiano é muito “raçudo”, guerreiro. Temos os melhores do
mundo no MMA: Amanda Nunes, Minotauro, Minotouro, Cigano (que desenvolveu aqui
na Bahia), Popó, Robson Conceição, Sensei Edson Carvalho, Bruno Carvalho e
vários outros. Tivemos uma conquista
inédita que é o CENTRO PANAMERICANO DE JUDÔ, e nossa precisamos de um Centro de
Treinamentos de Artes marciais na Bahia, tem que se colocar artes marciais nas
escolas, (disciplina o aluno, eles passam a tirar notas boas, concentração),
Cada bairro um CT (Centro de Treinamento) de artes marciais, com material
esportivo. Levar para as classes menos favorecida o esporte, principalmente
bairros com risco social.
EZ-Você está no seleto
grupo de mulheres que ministram ou ministraram aulas de Artes Marciais em Bases Militares,
na Bahia e no Brasil. Qual a sua sensação?
EF-Sempre
admirei mulheres que fizeram histórias em algo “masculinizado”. Não existe sensação, existe uma admiração.
Sempre quando consigo algo eu indago “Nossa, consegui, mais uma conquista! ”
EZ-Deixa uma
mensagem para os leitores do Blog Estrangulamento Ezequiel.
“Conhecer-se é
dominar-se, dominar-se é triunfar!”