Ele que foi incentivado pelos filhos a experimentar a Arte Suave, hoje é além de praticante, realizador de eventos que buscam engrandecer nosso cenário local de Jiu Jitsu.
Excelentes e descontraídas palavras do Mestre Paulo Dantas.
EZ-O senhor é Faixa Preta, líder
de equipe, e pai de atletas de Jiu Jitsu também. Então família que luta unida
permanece unida?
PD- Sim, acho importante que as
famílias se mantenham unidas. E entendo que o esporte é um grande componente
para manter viva essa união. No meu caso em particular, somos quatro treinando
juntos. Eu, meu filho mais velho,
Felipe, faixa marrom, o caçula, Paulinho, faixa roxa e minha filha, Emanuela,
também faixa roxa.
EZ- O senhor está sempre em
caminhada dentro da arte suave. Hoje representa a equipe do Mestre Cícero Chosta.
Como foi a sua caminhada vestindo kimono das primeiras raspagens até hoje?
PD- Para falar da minha caminhada
no Jiu Jitsu eu tenho que falar do meu Mestre, Osvaldo Ribeiro Neto, que embora
hoje estejamos em equipes diferentes, mas guardo por ele o mais profundo
respeito e agradecimento pelo caminho que me apontou na Arte Suave.
Eu costumo dizer que comecei a
treinar tarde, embora reconheça que não há idade limite para começarmos a
treinar Jiu Jitsu.
Mas tudo começou por um convite
insistente dos meus filhos, enquanto eu sempre protelava tentando fazê-los
esquecer dessa ideia que na época me parecia absurda. Mas já não tinha mais
como fugir.
Até que um dia, em uma festa, fui
arrastado pela minha esposa para o meio do salão onde todos dançavam ao som das
músicas dos anos 70. Mal comecei a dançar e as minhas pernas tremiam de tal modo,
que tive de interromper a dança e voltar para a mesa onde estavam os amigos.
Isto foi numa noite de sábado.
Passei o resto da noite e o dia
do domingo todo pensando no ocorrido.
Me perturbava muito saber que
apesar de jovem eu não conseguia dançar um ritmo mais acelerado com a minha
esposa.
Estava ali uma prova inequívoca
de que eu havia descuidado da minha saúde.
Na segunda feira, ao chegar em casa,
após a jornada de um dia de trabalho, Felipe, o meu filho mais velho, me disse:
"Pai comprei o seu kimono. E agora, quando o senhor começará a
treinar?"
Eu não pensei duas vezes. Lhe respondi:
Hoje.
E fui para a academia e daquele
dia em diante me dediquei inteiramente aos treinos, era pontual, assíduo e
disciplinado. Se por alguma razão eu precisasse faltar eu não deixava de
comunicar ao meu mestre.
Das primeiras raspagens até o dia
de hoje muitas coisas boas aconteceram em minha vida, tive a oportunidade de
conhecer e conviver com muitas pessoas de grande valor moral, poderia citar
muitas, mas vou me restringir citando apenas o Mestre Cícero Costha, homem de
pouca cultura, mas de uma sabedoria e generosidade muito grande. Me sinto muito
honrado em representá-lo aqui na Bahia.
E para fechar, digo-lhe que
graças ao Jiu Jitsu, hoje eu curto o prazer de dançar com a minha mulher sem
tremer as pernas. (Risos)
EZ- Fale-nos da "In
Fight"?
PD- A In-Fight nasce de uma
insatisfação natural.
Após eu ter acompanhado os meus
alunos nos campeonatos realizados aqui na Bahia pude perceber que apesar dos
esforços dos seus organizadores, faltavam algumas coisas, pequenas, mas
importantes e que poderiam fazer a diferença.
Daí tive uma excelente
oportunidade de iniciar essa nova proposta realizando um evento que na época
denominamos de Workshop de Jiu Jitsu.
Um evento que incluía uma
palestra sobre Alimentação Ergogênica, ministrada pelo nutricionista baiano
Rafael Felix. Uma palestra sobre Lesões Comuns ao Jiu Jitsu, ministrada pelo
meu amigo, e hoje aluno, faixa marrom, o Fisioterapeuta, Victor Passos. Uma
aula/palestra sobre o tema Treinamento Funcional, ministrada pelo meu mestre e
amigo, professor de Educação física, com mestrado e doutorado no assunto,
Osvaldo Ribeiro Neto. E fechamos o evento com o seminário de Técnicas de Jiu Jitsu,
ministrado pelo Mestre André Marola, faixa preta da Nova União-RJ.
Naquela oportunidade eu conversei
com Marola sobre a minha pretensão de realizar um campeonato aqui na Bahia que
tivesse diferenciais, considerando os que eu havia visto.
Após lhe contar os detalhes desse
meu projeto ele me afirmou, com a convicção de alguém que compõe o corpo
diretivo de uma grande Confederação, de que esse projeto teria tudo para dar
certo.
E se eu já estava motivado,
naquele momento aumentou mais a minha convicção, e poucos meses depois lancei a
primeira edição da Copa Bahia de Jiu Jitsu.
Essa 1 ª edição, para mim, para a
minha família e para os meus bons amigos que estiveram comigo desde a primeira
hora, pelas dificuldades colocadas em nossos caminhos, foi uma edição emblemática.
Pois, a despeito de tudo e de
ações de algumas poucas pessoas, nós, conseguimos realiza-la e consagrando a
In-Fight e a Copa Bahia como cumpridoras dos seus compromissos.
Hoje, todos que competem e/ou
frequentam os nossos campeonatos sabem que a In-Fight sempre paga os prêmios
anunciados. Sabem que a In-Fight trata com respeito e dignidade todos aqueles
que nos prestigiam. Sejam professores ou
alunos, faixas pretas ou branca, adultos ou crianças, atletas ou
expectadores.
E por consequência, depois dessa
1ª edição vieram as outras etapas, os seminários, os GPs de Jiu Jitsu, o GP Feminino,
(o primeiro campeonato que se tem notícias organizado e pensado exclusivamente
para a mulher que pratica Jiu Jitsu), e agora somos brindados com o privilégio
de organizarmos e realizarmos um evento de grande importância para o Jiu Jitsu
da nossa região. A Copa Brasil - Seletiva para o Mundial da CBJJE.
EZ -Percebo nos últimos dois anos
uma subida do Jiu Jitsu e MMA baiano para um patamar mais elevado. E vejo que
os campeonatos que o senhor monta vem com uma proposta mais de vanguarda para
os atletas. Quais os próximos passos?
PD- É verdade, a sua constatação
está corretíssima. Houve um ganho muito grande no Jiu Jitsu e também MMA
baianos. Esse crescimento na qualidade técnica da nossa arte, passa
inicialmente pela conscientização dos atletas, se reconhecendo como peças
importantes em todo o processo.
Há também um crescimento
numérico. Mais pessoas tem ingressados nas academias de Jiu Jitsu, fortalecendo
a nossa modalidade esportiva.
Não podemos deixar de mencionar
que esse avanço também passa pelas ações de muitas pessoas, como professores,
abnegados formadores de atletas e cidadãos.
É também fruto do trabalho de
dirigentes das federações locais, e eu, particularmente destaco o trabalho ora
realizado pela FBJJMMA.
Mas não posso ser injusto com as
demais federações que contribuíram ao seu tempo e ao seu modo, com esse visível
crescimento do Jiu Jitsu na Bahia.
E mais uma vez você acerta,
quando percebe e afirma que as nossas ações são de vanguarda. Eu ouvi, um dia, de atleta praticante de
Boxe, que o seu mestre lhe ensinara que para se ganhar um combate é necessário
trabalhar sempre avante, bater e ir avante, apanhar mas continuar avante.
Me identifiquei muito com esse
conceito. E estabeleci que as ações da In-Fight seriam sempre
"avante".
A todo momento estamos pensando
coisas e formulas novas que ajude ao nosso esporte a alcançar níveis cada vez
mais alto.
E quanto aos nossos próximos passos,
eu vou deixar para conversarmos em uma outra oportunidade. (Risos)
EZ- Sempre tivemos talentos natos
em nossa boa terra, mas as estruturas, como é sabido por todos, estavam aquém
das expectativas. Gradativamente estamos vivenciando outro cenário, ainda
distante do merecido, mas já a caminho. Como foi a negociação para realizar
aqui a seletiva para o brasileiro. O senhor recebeu o convite ou foi em busca
desse evento?
PD- Em primeiro lugar tenho que
dar os créditos a João da Hora, coordenador da equipe do Esporte Clube Bahia,
que teve a gentileza de nos convidar para organizar e realizar esse evento caso
o Moisés Muradi, presidente da CBJJE, tivesse interesse que houvesse seletiva
na Bahia para o seu Mundial.
Amigo do Muradi, João lhe fez uma
ligação falou-lhe do desejo comum e da nossa experiência em realizar eventos de
luta.
Juntou então a boa relação de
João da Hora com o Muradi, associada a nossa experiência como operador de
eventos esportivos, para fecharmos o entendimento para a realização de um dos
grandes eventos de Jiu Jitsu no calendário baiano de 2015.
Mas tenho a certeza que um fator
de destaque, que contribuiu, sobremaneira, para as nossas decisões foi o
sentimento da importância de contribuirmos com o Jiu Jitsu da nossa região.
Permitindo que levemos para o Mundial em São Paulo o melhor do Jiu Jitsu,
selecionado na Bahia.
EZ- Deixa uma mensagem para os
leitores do Blog.
PD- A nossa mensagem é dirigida a
comunidade do Jiu Jitsu baiano. A quem agradeço o apoio incondicional prestados
a mim, de modo pessoal, e aos eventos que realizamos.
Em troca deste apoio lhes
asseguro que procurarei trazer para a nossa terra eventos que sejam dignos do
nosso valor, da nossa grandiosidade.
E aproveito para reiterar o nosso
convite para que todos participem deste grande evento de Jiu Jitsu que é a Copa
Brasil - Seletiva para o Mundial 2015 da CBJJE
Deixo ainda uma mensagem aos
leitores do Blog, atleta ou não, mas que são empresários ou tem acesso a
grandes empresas.
Existem nas mais diversas
academias de Jiu Jitsu na Bahia atletas que são verdadeiras esperanças de
representar a Bahia em campeonatos em outros estados e no mundo. Mas, por falta
de patrocínio sequer conseguem inscreverem-se em campeonatos locais.
Portanto, mais que uma mensagem
fica aqui o meu apelo. Patrocine, estimule que outros patrocinem.
Ajudar a quem precisa não faz bem
só a consciência, faz bem também ao coração.
Oss