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Jiu-Jitsu – Lesões recorrentes e medidas preventivas
Jairo da Luz Libório
Formado em Educação Física pela UCSAL.
Licenciatura e bacharelado
CREF – 008685-G/BA
Formado em Educação Física pela UCSAL.
Licenciatura e bacharelado
CREF – 008685-G/BA
O Jiu-Jítsu, “Arte suave”, surgiu há cerca de 2500 anos, e eram praticados por monges
budistas, numa região entre a China e a Índia. Segundo CUNHA, Astolfo ( 2009 apud
GURGEL 2003, p.13) naquele momento seus praticantes tinham um biotipo físico franzino, e
precisavam desenvolver técnicas de defesa que os permitissem desviar de ataques,
principalmente de armas brancas. Segundo IDE, Bernardo N.; PADILHA, Daniel A.
o Jiu Jítsu
foi aperfeiçoado sobremaneira no Brasil, especialmente com a família “Gracie”, que
passou a ser denominado como a nova arte marcial, o Brazilian.
Segundo IDE, Bernardo N.; PADILHA, Daniel A. (2005, apud Platonov 2004) afirma que
muitos esportistas excepcionais estão obrigados a dispensar mais atenção e tempo na cura das
enfermidades e dos traumatismos que na própria atividade de treinamento e competição.
Vários deles têm suportado gravíssimas cirurgias e gasto tempo e forças na posterior
reabilitação e recuperação do nível de treinamento.
Todas são fundamentadas em princípios biomecânicos e podem causar sérios traumas aos
adversários quando aplicadas com toda sua magnitude. Somente as imobilizações constituem
um grupo que não têm como objetivo levar situações de perigo ao adversário e nem provocar
lesões, e que devido a esse fato, esses movimentos não apresentam riscos de lesões tanto para
quem aplica quanto para quem recebe a técnica.
O objetivo das imobilizações é bloquear os
movimentos mais ofensivos e possíveis reações do oponente (IDE, Bernardo N.; PADILHA,
Daniel A., 2005 Apud NEME & ALVES, 2005).
As lesões no praticante de Jiu-Jítsu estão associadas às técnicas aplicadas, essas são seis, tais
quais:
PROJEÇÕES
São utilizadas com o intuito de desequilibrar e derrubar o adversário projetando-o em direção
ao solo, e a partir desse momento o combate desenvolva-se no chão.
Lesões aos rins associados à aplicação de técnicas de projeção em treinamentos foram
encontradas em estudos. O paciente apresentava após a queda, um ponto doloroso no
lado esquerdo do tronco e urina com coloração avermelhada, indicando uma possível
lesão ao rim devido ao amortecimento mal realizado e o violento impacto com o chão
(IDE, Bernardo N.; PADILHA, Daniel A.2005 Apud ITAGAKI, 2004).
Segundo França (2001), Projeções podem ocasionar fraturas no processo odontóide,
sendo divididas em 3 tipos (fratura do ápice, do corpo e da base).
São descritas como possíveis lesões relacionadas às técnicas de projeções:
Estiramentos e entorses de primeiro a terceiro grau;
Luxações e subluxações articulares;
Sinovites;
Defeitos osteocondrais; e
Fraturas associadas a múltiplas estruturas musculares e articulares (IDE, Bernardo N.;
PADILHA, Daniel A.2005 Apud FRANÇA, 2001).
PINÇAMENTOS ("chave de bíceps" e "chave de panturrilha").
São ataques que objetivam pressionar estruturas musculares e centros nervosos dos
adversários. Num primeiro momento provocam extrema dor e fazem com que o adversário
recue de seus ataques. Os mais comuns e utilizados são os que pressionam a tíbia do atacante
contra os músculos bíceps braquial e tríceps sural do oponente. As lesões a essas estruturas
dependem da magnitude da força aplicada pelo praticante e podem constituir:
Estiramentos de primeiro a terceiro grau IDE, Bernardo N.; PADILHA, Daniel A.2005 Apud
(NEME & ALVES, 2005)
CHAVES.
Ataques a estruturas articulares que visam suas imobilizações e extensões além das
respectivas amplitudes de movimento. As chaves mais utilizadas são as que hiperestendem as
articulações do cotovelo e do joelho, conhecidas como "Arm lock" e "Leg lock".
O "Arm lock" pode levar a uma diminuição da amplitude de movimento e surgimento de dor,
pois o movimento feito de forma violenta, ou com repetição contínua, pode causar uma
cicatrização da cápsula dentro da articulação do cotovelo, e lesão com cicatrização muscular
na sua porção anterior (IDE, Bernardo N.; PADILHA, Daniel A.2005 Apud GARCIA, 2004).
De maneira geral as duas técnicas podem ocasionar traumas do tipo:
Estiramento e entorse de primeiro a terceiro grau;
Luxação e subluxação articular;
Fraturas articulares; e
Defeitos osteocondrais.
TORÇÕES
Essas técnicas também constituem ataques a estruturas articulares, mas que visam submetê-las
a amplitudes de movimento além das suportadas pelas mesmas. As principais são as que
atacam as articulações do ombro ("Americanas" e "Omoplatas"), do tornozelo ("Americana de
pé" e "Chave de pé reta"), e a porção cervical da coluna vertebral ("Cervical").
Possíveis lesões:
Todas podem ocasionar traumas do tipo Estiramento e entorse de primeiro a terceiro grau;
Luxação e subluxação articular;
Fraturas articulares;
Defeitos osteocondrais; e
Tetraplegia (Somente para “cervical”).
As lesões cervicais também podem causar danos neurológicos, viscerais e de grandes vasos.
Danos neurológicos podem ser identificados e terem sido causados por secção, contusão,
compressão e isquemia medular. A fratura de C1 ("de Jefferson") é uma fratura estável que
ocorre com o impacto do anel de C1 contra os côndilos occipitais. Pode ocorrer por uma
sobrecarga axial no topo da cabeça (FRANÇA, 2001).
ESTRANGULAMENTOS
Tem como objetivo interromper o fluxo de ar para os pulmões e/ou sanguíneo para o cérebro.
Apresentam um tipo de lesão ao lutador que não são encontradas em nenhuma outra
manifestação desportiva. Eles proporcionam traumas que são unicamente consequentes das
técnicas das lutas e artes marciais.
O estrangulamento é a asfixia mecânica onde ocorre uma constrição do pescoço, causando
embaraço à livre entrada de ar no aparelho respiratório feito por meio de um laço acionado
pela força muscular da própria vítima, ou de um estranho, pode se utilizar o kimono (Roupa
utilizada para a prática) para que se execute a técnica (FRANÇA, 2001).
Possíveis lesões:
· Morte - pelo impedimento da penetração do ar nas vias aéreas; por morte circulatória devido
à compressão dos grandes vasos do pescoço que conduzem para o cérebro; por morte nervosa
do mecanismo reflexo (inibição vagal).
· Equimoses de pequenas dimensões na face, nas conjuntivas, pescoço e face anterior do
tórax.
· Infiltração hemorrágica em tela subcutânea e musculatura subjacente ao sulco.
· Rupturas musculares.
· Fraturas e luxações das vértebras cervicais.
Medidas Preventivas
O desempenho físico da cada pessoa é baseado na interação de aspectos cognitivos,
capacidades físicas e psicológicas, que, na presença de certos fatores externos associados a
condições limitantes, levam a aptidão física.
A ocorrência de lesões esportivas é decorrência
da inter-relação entre o atleta e o esporte praticado. Toda atividade física gera uma sobrecarga
em algum ponto do aparelho locomotor, se esta sobrecarga fica circunscrita à capacidade
fisiológica do organismo de se recuperar, não há a instalação de um processo patológico. A
base de todas as teorias envolvidas no trabalho de prevenção das lesões leva em conta a
capacidade de se avaliar adequadamente as limitações de quem pratica o esporte associada
com o conhecimento da magnitude e tipo de sobrecarga que a prática do esporte gera. Atletas
bem condicionados sofrem um menor número de lesões (CUNHA, Astolfo 2009, apud
GREVE & AMATUZZI, 1999, p.25).
Todo treinamento esportivo tem uma preparação, existe a preparação básica, a preparação
especifica e a etapa de altos rendimentos.
Quando o atleta em uma destas fases possui um
aumento muito rápido da quantidade de treinamento, ou seja, instrução exagerada com
desenvolvimentos motores difíceis, acumulação de competições com intervalos pequenos de
uma prova para outra, ocorre o chamado “overtrainning”, isto ocorre quando o atleta tem uma
recaída devido a fadiga levando a falta de animo provocando danos fisiológicos pelos
exageros da preparação (CUNHA, Astolfo 2009, apud WEINECK, 2001; WILMORE &
COSTIL, 2001, p.26).
Portanto deve-se cuidar para a correta execução dos movimentos, e apesar de o treinamento
de Jiu-Jítsu possuir movimentos de puxar, empurrar, dentre outros, assemelhando em parte
com exercícios de resistência, deve-se preparar a musculatura com exercícios específicos que
fortaleçam tanto músculos quanto a articulação.Além da força e a resistência também é uma
capacidade muito importante para o praticante que pode passar minutos numa mesma posição,
seja imobilizando o adversário na tentativa de finalizá-lo ou mesmo tentando se desvencilhar
de um ataque ou imobilização. Entretanto a flexibilidade pode ser considerada a capacidade
física mais importante para o atleta de Jiu-Jítsu, principalmente para evitar lesões
musculoesqueléticas.
A flexibilidade é de extrema importância pra o desempenho da luta, onde a mesma nos
quadris e nas pernas permite ao lutador baixar o centro de gravidade para uma posição
defensiva. Consequentemente, a amplitude de movimento do quadril permitirá uma melhor
técnica defensiva. Esse aumento em confiança enquanto a posição defensiva permitira que o
lutador ataque livremente e não se torne preocupado pelo medo de realizar um erro e acabar
no fundo apenas para ser definhado (PIRES, G. S. et al.).
Referências bibliográficas: Cunha, Astolfo Incidência e fatores de risco de lesões musculoesqueléticas em praticantes de
jiu-jitsu/Astolfo Sacramento Cunha Júnior. -- Belém, 2009. 62 f.
PIRES, G. S. et al. AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE EM ATLETAS DE JIU-JÍTSU.
IDE, Bernardo N.; PADILHA, Daniel A. Possíveis lesões decorrentes da aplicação das técnicas do jiu-jitsu desportivo. Rev Digital (Buenos Aires), v. 10, n. 83, p. 6, 2005.