COM MUITA HONRA, TEREMOS A PRATICANTE DE JIU-JITSU, MÃE DE PARAATLETA, E ATIVISTA DO MOVIMENTO DO PARAJIU-JITSU NA BAHIA MARLEIDE NOGUEIRA, COMO COLABORADORA DO BLOG. NOS EXPLICANDO SOBRE COMO FUNCIONA O MOVIMENTO DO PARAJIU JITSU, AS LUTAS E SUCESSOS ALCANÇADOS, BEM COMO TODO EXTENSO CAMINHO A PERCORRER. EIS SUAS PALAVRAS...
O Parajiu jitsu é um movimento que tem crescido e ganhando musculatura em todo mundo, atualmente mobiliza diversos países. O movimento surgiu com o objetivo de oportunizar o paratleta de participar em condições físicas iguais, em competições oficias de jiu jitsu.
Esse movimento teve início, através de dois paratletas brasileiros, o Mario Edson de Canarana- MT conhecido como Cowboy e o Elcirley Luz da Silva de 43 anos que se apresentou no tatame pela primeira vez como paratleta, no final de 2014, em São Paulo. Elcirley é do município de Barra do Garças-MT, o atleta perdeu a perna em um acidente de trânsito, no início do mesmo ano. Ele já competia pelo esporte havia quase 20 anos, e teve que adaptar a luta à sua nova realidade.
No início de 2015, os dois foram convidados a visitar Abu Dhabi, onde lutaram contra atletas em condições físicas “normais”. O jiu-jitsu é popular no conjunto de monarquias chamada de Emirados Árabes Unidos (UAE), que investe fortunas na prática do esporte.
A apresentação dos atletas, até então para-desportivos, despertou o interesse das autoridades árabes, que embora financiem o esporte em todo os Emirados, ainda não contavam com iniciativas do jiu-jitsu adaptado para pessoas com alguma deficiência. Essa primeira visita a Abu Dhabi marca o surgimento do parajiu-jitsu como modalidade esportiva, que difere da prática já existente, em vários cantos no mundo, por desporto.
A mensagem de união entre os praticantes do jiu-jitsu adaptado precisava chegar a todos os continentes. Para que a modalidade para-esportiva se estabelecesse, existia a necessidade de conectar os núcleos, até então isolados, de jiu-jitsu adaptado espalhados pelo mundo. Muitas vezes, em alguns países, a iniciativa se resumia a poucos praticantes, que se sentiam únicos na atuação dentro do tatame.
“Começamos os trabalhos buscando paratletas nas redes sociais e começamos a encontrar”, conta Elcirley, hoje medalhista de ouro em Tóquio, Los Angeles e Rio de Janeiro. Desde então, o faixa preta tem o apoio da Federação de Jiu-Jitsu dos Emirados Árabes Unidos (UAEJJF) para viajar o mundo, divulgando a modalidade e agrupando os paratletas. Pelo celular, hoje, ele tem contato com praticantes do jiu-jitsu adaptado no mundo todo.
Foi em 2017 que a UAEJJF estabeleceu oficialmente o suporte a difusão do parajiu-jitsu ao mundo. Em menos de três anos, a nova modalidade já mobilizou duas dezenas de países, em cinco continentes.
“Estamos em quase todos os continentes a buscar atletas com essas deficiências e, assim, aumentar o número de praticantes de paratletas pelo mundo. Hoje eu já posso afirmar que nós temos mais de 25 países envolvidos”, conta Elcirley.
Na Bahia o movimento chega, através de um grupo de paratletas que participaram do campeonato, Abu Dhabi Grand Slam Jiu Jitsu World Tour 2017- 2018 etapa Rio de Janeiro organizado pela UAEJJF no mês de novembro. Os paratletas, Igor Nogueira, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista faz parte da equipe Força e Honra, conquistou ouro na classe de deficiência neurológica, André Franco que tem paraplesia não traumática, que o deixou na cadeira de rodas participa da equipe Gfteam, conquistou ouro e prata, Tanailson Cavalcante, amputado do membro superior esquerdo, pertence a equipe Atos Brazilian Jiu Jitsu, obteve medalha de prata, e diversos outros jovens de academias e equipes espalhadas pela Bahia se beneficiarão dessa iniciativa.
A equipe Força e Honra em um dos seus centros de treinamento se especializou no parajiu jitsu e desenvolve esse trabalho através do projeto social Tatame Superação. O parajiu jitsu teve início na academia, devido seu primeiro paratleta, Igor Nogueira ter superado algumas limitações do autismo, através do jiu jitsu e partir dessa evolução começou a participar de diversas competições baiana, culminando com o ouro em um dos maiores campeonatos de Jiu Jitsu do mundo, O Grand Slam etapa Rio 2017-2018.
A participação da delegação baiana no campeonato Grand Slam da UAEJJF impulsionou o surgimento da Federação Baiana de Jiu Jitsu Para-Esportivo, que ligada a Federação Brasileira de Jiu Jitsu Para-Esportivo começará a organizar vários paratletas com o objetivo de participarem das competições em condições físicas iguais, deixando de ser lutas de apresentação e dessa forma participando das competições oficiais. Vale ressaltar que o surgimento dessa entidade baiana conta com o apoio de pessoas ligadas aos paratletas como, Marleide Nogueira, mãe do Igor, Dariane, companheira do André Franco. A criação da Federação Baiana também tem em seus objetivos saber o número exato de paratletas no estado e despertar as pessoas com deficiência a se inserir em alguma atividade esportiva, gerando autoestima e aflorando o poder de superação.
O esporte sempre é um instrumento transformador e o Parajiujitsu surge para contribuir para um mundo mais justo e inclusivo. Seja bem-vindo o Parajiujitsu a terras baianas.
Marleide Nogueira
Coordenadora do Projeto Tatame Superação
Atleta e representante do ParaJiuJitsu na Bahia