Rafaela Silva conquista inédito título mundial no judô no Rio de Janeiro
Ela ganhou o título inédito na categoria até 57kg após derrotar a norte-americana Marti Malloy na final
Bertrand Langlois/AFP
Rafaela é a primeira judoca brasileira campeã mundial
Estadão Conteúdo
Rafaela Silva entrou nesta quarta-feira para a história do judô brasileiro ao se tornar a primeira judoca do Brasil a conquistar o título mundial. No campeonato disputado no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, ela ganhou o título inédito na categoria até 57kg após derrotar a norte-americana Marti Malloy na final.
Enquanto a seleção brasileira masculina já somava quatro títulos mundiais na história, a feminina ainda não tinha subido no lugar mais alto do pódio nesta competição. Mas o jejum acabou com Rafaela Silva, uma judoca de apenas 21 anos, que teve uma campanha fantástica nesta quarta.
Na última edição do Mundial, há dois anos, em Paris, Rafaela Silva já tinha chegado muito perto do ouro inédito, mas perdeu a final para a japonesa Aiko Sato e ficou com a medalha de prata. Desta vez, porém, ela contou com o apoio da torcida no Rio de Janeiro para poder conquistar o tão sonhado título.
Foi a terceira medalha do Brasil em três dias de disputa do Mundial. E todas vieram com a seleção feminina. Na última segunda, Sarah Menezes ganhou bronze na categoria até 48kg. Na terça, foi a vez de Érika Miranda levar prata no peso até 52kg. E agora veio o ouro com Rafaela Silva.
Para chegar ao pódio, Rafaela Silva precisou disputar cinco lutas nesta quarta. Durante as eliminatórias da categoria, na primeira parte da programação, conseguiu três vitórias complicadas sobre Hana Carmichael (Estados Unidos), Loredana Ohai (Romênia) e Nora Gjakova (Kosovo).
Depois, já pela semifinal, no final da tarde desta quarta, a judoca brasileira teve que enfrentar a francesa Automne Pavia, líder do ranking mundial. Mas Rafaela Silva, atualmente em quarto lugar na lista das melhores da categoria, dominou o combate e conseguiu uma bela vitória.
Na decisão do título, diante da número 10 do ranking mundial, Rafaela Silva entrou como favorita - nos sete combates que fez anteriormente contra a norte-americana, teve seis vitórias. E a brasileira precisou de apenas 59 segundos de luta para aplicar um ippon em Marti Malloy, chegando ao ouro.
A conquista no Mundial é uma espécie de redenção para Rafaela Silva depois da traumática eliminação na Olimpíada de Londres. No ano passado, ela perdeu a chance de ganhar a medalha olímpica, ao ser desclassificada de sua luta por um golpe ilegal, e chorou bastante ainda no tatame. “Depois da Olimpíada, fui muito criticada. Queria responder. Eu sabia que tinha a chance de estar entre as melhores. Meu objetivo era a medalha de ouro. Queria mesmo a medalha de ouro”, desabafou Rafaela Silva.
Para tentar dar a volta por cima, ela chegou a mudar de categoria. Foi para a até 63kg, mais pesada, conquistou medalha de prata no importante Grand Slam de Tóquio, mas resolveu voltar para a até 57kg quando a seleção brasileira começou a ser definida para o Mundial do Rio de Janeiro, em abril. “Eu estava bem naquela categoria, mas meu lugar é nessa”, explicou.
Nesta quarta, quase reviveu a agonia de Londres. Na segunda luta, viu o árbitro marcar yuko para a romena Loredana Ohai, quando considerava o contrário. “O ponto era meu! Quando vi, tinha quinze segundos para não ser eliminada”, lembrou Rafaela, descrevendo o único momento nesta quarta-feira em que pensou que seu objetivo poderia não ser conquistado.
Mais uma judoca brasileira lutou nesta quarta. Também pela categoria até 57kg, Ketleyn Quadros (medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, em 2008) perdeu logo na segunda luta, justamente para Marti Malloy.