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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Salva-vidas baianos utilizam o jiu-jitsu para resgatar pessoas que estão no mar


Foto: Márcia Guimarães
Movimentos do jiu-jitsu ajudam no resgate
Movimentos do jiu-jitsu ajudam no resgate
Os salva-vidas dividem o salvamento aquático em cinco fases: a identificação da vítima, aproximação/deslocamento, abordagem, resgate/reboque e os primeiros socorros. Para estas etapas, os salva-vidas baianos estão utilizando uma técnica pioneira: adaptação dos conhecimentos do Jiu-jitsu para o desvencilhamento e resgate de vítimas. O objetivo é evitar traumas nas vítimas no momento da abordagem, quando, normalmente, elas estão desesperadas.
Essa técnica, que possui algumas similaridades com o Judô Aquático, está sendo praticada desde 2010 pelos agentes de salvamento aquático da Bahia e, para utilizá-la, eles passam por treinamentos com professores especializados. Já aconteceram treinos intensivos em 2010, 2011 e 2013.
Primeiro, ela é ensinada e praticada em terra firme em duplas, nos tatames, em áreas abertas, e na areia da praia. Depois os conhecimentos são testados e vivenciados na piscina com a água na altura do peito. Nas etapas finais, são realizados simulados no mar, em locais mais profundos.
“A adaptação do Jiu-jitsu para o uso na água é mais suave, com ela, nós não precisamos forçar as articulações da vítima na hora do salvamento, imobilizando-as sem torções ou projeções que as lesionem - o que poderia caracterizar uma Iatrogenia (técnica mal empregada pelo profissional de saúde durante o socorro). Para chegar nesse ponto, estudei muito e desenvolvi, com a colaboração de colegas com mais de 25 anos de experiência na área, uma metodologia para passar esse conhecimento adiante. Além dos agentes de Salvador, já participaram dos nossos treinamentos salva-vidas de Lauro de Freitas, Camaçari e do Grupamento Marítimo (GMAR) da Bahia”, explicou o salva vidas Jou Oliveira, faixa preta em Jiu-jitsu e idealizador da adaptação para o mar.
Ele conta que, mesmo sem querer, por causa do desespero, as pessoas quando se afogam agarram os ombros, a cintura, puxam os cabelos, o uniforme, o cordão do apito e seguram nos salva-vidas como podem, pois querem um ponto de apoio para submergir e respirar. “Isso, se o profissional não souber usar a prática corretamente, pode levar os dois ao afogamento e, se o pior acontecer, à morte. Dentro da água tudo pode mudar, pois aquilo ali é um mundo. Por isso, é importante que o salva vidas faça a leitura do salvamento à distância, com rapidez, se antecipe ao ‘ataque’ e seja preciso na hora de colocar em prática as táticas que usará para salvar a vítima, pois precisamos preservar a integridade delas ao máximo”, adverte o agente de salvamento aquático.
Segundo Oliveira, por ser mais precisa, a técnica ajuda na economia de energia e proporciona uma vida mais saudável para os profissionais que a utilizam, pois os salva-vidas não precisam repetir os movimentos diversas vezes no momento da abordagem e do reboque das vítimas em segurança, como ocorria no Judô Aquático, no qual o afogado em desespero era projetado quantas vezes fossem necessárias pelo salva vidas até que o mesmo se sentisse seguro para abordá-la, e assim efetuar o reboque com a vítima mais calma ou inconsciente, agravando a sua situação.
Na própria pele
“Eu e minha prima, que é como se fosse uma irmã pra mim, estávamos brincando de pular ondinhas e flutuar no mar de Stella Mares. Como eu moro lá, e frequento a praia há algum tempo, sei que no meio do mar tem pedras onde conseguimos ficar em pé, mas a minha prima, que é de Curitiba, não sabia. A maré subiu e não prestamos atenção. Ela já não estava mais dando pé, por causa de um desnível. Ela me olhou e começou a ficar com uma feição de terror. Nessas horas, os minutos parecem uma eternidade, o tempo congela, o pânico não nos deixa raciocinar, e eu não lembrei das pedras e do desnível, onde ela poderia ficar de pé e se acalmar. Eu, como sei nadar, pedi para ela fechar a boca para não entrar água e se manter calma, pois eu ia nadar e chamar os salva vidas que estavam na praia. Mas, graças a Deus, quando eu levantei os braços e ia nadar para buscar ajuda, vieram dois anjos, dois salva-vidas, nos socorrer”, narra a educadora Gabriela Pereira, 29 anos. Segundo ela, mesmo sabendo nadar, ela não teria como salvar a prima, pois estava em estado de choque.
“Os salva-vidas que nos socorreram naquele dia 27 de março, Jou Oliveira e André Ferreira, utilizaram técnicas que não nos machucaram e ainda nos deram segurança para conter o desespero. Deveria haver um posto com esses profissionais a cada 500 m e em todas as praias de Salvador, para nunca ninguém morrer afogado pela falta deles. Não tenho palavras para agradecer o que eles fizeram pela gente, eles são anjos em forma de homens. Sempre que posso, falo com eles. Construímos uma amizade”, acrescenta Gabriela. Ela é uma das centenas de vítimas salvas pelos agentes de salvamento aquáticos baianos através das técnicas adaptadas do Jiu-jitsu.

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Professor Mar e as suas Crionças.

 Ah, vamos mergulhar no mundo do jiu-jitsu brasileiro, onde os tatames são a nossa tela, e os praticantes – bom, eles são um bando colorido!...

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